Numa das vezes em que fui passear até ao rio conheci a Beni. Esta criança tem síndrome de Down mas não é descriminada, muito pelo contrário. Nesta aldeia a Beni é uma princesa, uma Rainha. Toda a gente gosta dela e toda a gente fala dela.
Afinal a Beni não é diferente. Só precisa de mais ajuda e atenção.
O pai da Beni, o senhor da foto, estava com a Beni, os irmãos e a mãe, a pescar no rio quando eu e o Paulo, o picheleiro, chegamos ao rio. Estávamos cansados da obra, saímos, fomos à pastelaria e depois vim-lhe mostrar o "nosso" rio.
Quando nos viu a chegar, a família ficou apreensiva, mas logo se aperceberam que estávamos só a passear. O pai da Beni aproximou-se para nos receber e eu perguntei-lhe como se chamava a criança.
-Beni- disse ele - Reine Beni! (Beni, Rainha Beni)
- Reine! - perguntei eu - pourquoi? (Rainha, porquê?)
Basicamente o pai explicou-me que a Beni tinha sido escolhida por Deus para carregar aquele problema. Precisava de ajuda e por isso todos a tinham que ajudar. Ela era a atenção da família, o foco.
Pedi para pegar nela. Como era fofinha esta criança.
Ao fim de algum tempo o "problema" dela passou despercebido. Era uma criança feliz e amada pela família. A Rainha Beni, a Rainha da Aldeia.
Tenho a dizer que isto me fez pensar muito. Sempre pensei que no Congo e em África em geral, os pais tivessem os filhos para que estes os sustentassem na velhice. Uma criança como a Beni apesar de não ser totalmente limitada, tem as suas limitações...
Sempre pensei que excluíssem/eliminassem as crianças assim. E se calhar até o fazem, mas não esta família.
Para eles a Beni é uma bênção de Deus! E é!
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