sábado, 21 de fevereiro de 2015

Brazaville

Ruas de Brazaville


“Vais ver o que é um Obra a sério” diz-me o director Geral da Empresa. Entramos na Pick Up e lá vamos nós.

Foram 45 min de viagem, em estradas mais ou menos esburacadas. A conversa sempre em volta do: “Porque é que vieste para aqui? Achas que és capaz? Isto não é fácil!”. Na minha mente repetia-se a ideia do “Eu sou capaz! Se quiser o mundo vou tê-lo”. Pensamento algo pretensioso, mas que nas horas certas dá força para mover montanhas.


Estradas
A estrada estava carregada de camiões acidentados. Pelos vistos há imensos acidentes por aqui, ou porque as máquinas não são boas, ou porque não há peças para reparar e as viaturas são usadas até não poderem mais, ou porque os motoristas adormecem, ou desviam por caminhos menos próprios… Enfim, nada que não aconteça também em Portugal, mas o impacto aqui é brutal. Não há limpeza de vias, os camiões ficam abandonados na beira da estrada e com sorte, o corpo do motorista acidentado também.




Chegamos à obra: Mandelei, Parque industrial. “Esta merda é enorme!” penso eu. Eram 12h quando passamos o portão da obra. Como era um sábado os trabalhadores estavam concentrados à porta à espera do autocarro. No meio da fila, o Daniel, director geral, vê uma pessoa conhecida e pára o carro para a cumprimentar. Mal o vidro da carrinha desce só se ouve “chef, chef”. A pessoa cumprimentada era o David, electricista. Sou-lhe apresentada e começo a aperceber-me que tenho os trabalhadores nacionais a “colar” em mim. “Não é normal verem brancas aqui” diz-me o Daniel, “Muito menos numa obra e num cargo de chefia”. Pensei para mim “Vai ser complicado, isto. Quer dizer, sempre que passar por eles vão ficar a olhar para mim com ar de parvos? Mau!!!!”

No escritório da obra encontrei um colega de curso, o Roberto, que é o director de obra em Mandelei! Estava com ar abatido, mais forte e menos conversador. Perguntei-lhe o que se passava e ele disse que estava com a malária.
Pensei para mim, “Se a malária deixa este gajo assim, quando for comigo estou f0d*d”.

Estivemos à conversa durante a hora do almoço. O refeitório da base de vida era imenso e tinha bastante bom aspecto. Vi saladas frescas expostas nos tabuleiros, fruta, comida Congolesa. Comi apenas arroz. Estava assustada com as descrições das doenças de que me tinham falado na consulta do viajante.
Passamos a tarde toda a ver a Obra juntamente com a fiscalização de uma outra empresa que trabalha connosco. A obra era imensa e estava quase em fase de entrega, no entanto ainda havia alguns detalhes a acertar...

A minha cabeça estava cheia de informação... Mais, mais... Porquê que isto é assim? E aquilo?... Isto está mal?! Porquê?...
Saímos da obra eram quase 17 horas. Estava super entusiasmada e cansada... muito cansada. 

Pelo caminho ainda passamos em mais duas obras: Churrascaria de um ministro, uma espécie de night club/ Restaurante que destoava completamente da envolvente de barracões em chapa; e Hospital de Brazaville. 
Churrascaria

A noite foi caindo, e como caiu rápido... Entre as 18h e as 18h10 a sol desapareceu completamente.
Chegamos à porta da casa onde estava hospedada e saí do carro.

"Até à próxima!" Diz-me o director. "Vai-te a eles!".
O carro arrancou e eu fiquei parada à porta de casa. "Tu consegues Sara! Vamos lá!"

Entrei em casa e o pessoal já se estava a preparar para sair para ir jantar à Base de vida do VolksWagen (outra obra da empresa).

Tomei banho, vesti o meu fato de treino e saí...











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