domingo, 3 de maio de 2015

Sibiti - O aniversário do "fuoudass%%"

As obras do Sul estão todas relativamente próximas uma das outras. Sibiti fica a 2 horas de caminho, 150km, aproximadamente, e Mandigou fica a 1h30, mais coisa menos coisa. A única dificuldade que nós temos são as estradas que ligam as 3 obras.

Ontem fez anos o director de Obra que está em Sibiti e convidou-nos, a mim e ao Davide, para irmos lá jantar e festejar o aniversário.

Tenho de admitir e penso que já me vão conhecendo. Se há passeio eu alinho. Nem que seja só à volta da obra.
No sábado trabalhamos normalmente. Chegaram uns contentores e já eram quase 6horas quando conseguimos terminar o trabalho.
Fomos a correr para a base de vida, preparamos-nos para sair e arrancamos.

Fizemos a viagem quase de noite. A primeira metade da viagem fez-se bem. são quase 100 km de autoestrada impecável. No entanto, depois da rotunda de Ludimã é que começou a verdadeira aventura.


 

Esta estrada foi construída por Portugueses, de uma empresa que abriu insolvência, quando a crise começou. Basicamente a estrada foi feita ao pontapé e com as chuvas, os camiões e o tempo ficou um desastre completo.
Os congoleses chamam-lhe a estrada dos portugueses mortos, sabe-se lá porquê.

O percurso contudo, e apesar dos buracos, é espectacular. A estrada atravessa uma reserva de Gorilas e como é de esperar, mal vi a placa a indicar a reserva, a minha cara espetou-se no vidro do carro e os meus olhos viraram binóculos nocturnos numa busca incessante pelos primatas.





 Não vi nada para além de mandiocas e legumes à venda na berma da estrada. No caminho, e como se não fossemos atrasados, ainda tivemos tempo de parar para tirar umas fotos.



Quando finalmente chegamos a Sibiti já era noite densa e o aniversariante já nos tinha ligado mais de 20 vezes a perguntar se nos tínhamos perdido.



Chegamos à obra e fomos directos ao refeitório. A fome já apertava.

-Parabéns!!!! Onde está a comida? - perguntei eu com o maior descaramento do mundo.

Os homens da obra estavam todos a porta do refeitório à nossa espera, para nos cumprimentar e conhecer mas eu nem parei. (Não foi à toa que engordei 10 quilos no Congo)

Mal entrei na cozinha as cozinheiras pararam de fazer o que estavam a fazer e vieram à minha beira perguntar se o meu cabelo era verdadeiro.

- É! - disse eu - Queres tocar?

Maravilhadas as mulheres puseram-se todas a minha volta a admirar os meus belos cabelos...
Enquanto isso a comida desaparecia...

Quando finalmente me dirijo as travessas para ir comer aparece o petit, motorista de Sibiti e começa a pegar comigo. A dizer que estou a ficar gordinha e que não posso comer.

- Eu como por ti! - disse ele.

Efectivamente, e agora vendo bem a foto, estou mesmo gordinha. A partir de agora vou deixar de comer, tanto.

O jantar passou-se e chegou o bolo de anos.
Hummmm. Bolo de Anos!!!!
Agora que penso nisso, acho que não sobrou nada...

terminada a refeição, o chefe de base de vida de Sibiti, o Carlos, apresentou-nos os quartos, onde íamos passar a noite. O meu quarto, se é que lhe posso chamar assim, tinha buracos no chão, por baixo do Vinil e cheirava a ... Cão... molhado...

Por via das duvidas enchi o quarto de repelente, fiz a cama com os meu lençóis lavados, pendurei a rede mosquiteira a volta da cama e deixei a janela aberta.


Depois de cantarmos os parabéns ficamos a conviver no refeitório, ao som do esvaziar de garrafas de whisky e cola.
De seguida fomos para a "Discoteca" da cidade.

Habituada que estava, em Dolisie, a sair da "discoteca" às quatro da manhã fiquei super admirada quando às duas já nos estavam a espetar com a porta na cara.

- Já acabou? - disse eu - Não há aqui mais nada.
- Há outra ali à frente! - disse o D.O.- Vamos lá!

Meti-me num dos carros e lá fomos nós. A outra discoteca também estava fechada.

-Bem - disse o D.O. de Sibiti - vamos mostrar-vos a nossa casa fora da base de vida.

Parecia que as nuvens estavam à espera que entrássemos em casa. Mal pus o pé no alpendre começou a cair uma chuva grossa e daquelas que parece interminável.
A casa estava às escuras, o gerador não tinha gasóleo e o Davide tinha desaparecido.
Estava sozinha com o D.O. de sibiti e um moço novo que trabalhava na obra.

Entramos dentro de casa, à luz dos telemóveis e o moço foi chamar uma Congolesa para nos trazer cerveja.

- Não precisavas de a acordar - disse eu - Já é bué tarde!
- Ela ta habituada - respondeu ele.

Começamos a conversar, sentados nos sofás, à luz dos telemóveis, à espera que a luz passasse.
Nisto começamos a ouvir um gemidos...

-Foudas%$%! - disse o D.O. - Já alguém trouxe uma preta para aqui.
- A sério que vocês alugam uma casa só para essas merdas e pior, trazem-me para aqui? Não se ponham com merdas. Eu espanco o primeiro que se aproximar...
- Achas!!! - disse ele.

Mal ele acaba de falar aparece uma miúda, Congolesa, com pouco mais de 18 anos, só com a camisa da pessoa com quem tinha estado. Quando nos viu pareceu surpreendida e fugiu de novo para o quarto.

- A sério gente - disse eu - Vamos embora. Quero lá saber da chuva! Se não quiserem ir dêem-me a chave que eu vou.

Levantaram-se e fomos embora. Cheguei à obra ensopada.O pior foi quando cheguei ao meu quarto e deparei-me com uma piscina.

- A janela!!!!! Rais parta esta merda!!!

Por sorte a cama estava seca e durante a noite a agua foi desaparecendo nos buracos.

As 7h acordei e fui tomar o pequeno almoço. Quando saí ouvi um burburinho que não gostei. Basicamente, toda a gente sabia que eu tinha estado na casa "da obra" e toda a gente falava de coisas que nunca aconteceram.

Mais tarde descobri que quem tinha lançado o boato, tinha sido o gajo que estava no quarto com a congolesa. Gajo esse casado e pai de filho.

Eu não devo nada a ninguém. Vim para o Congo descomprometida e bem resolvida. Nunca foi politica minha relacionar-me com colegas de trabalho. E estava tranquila porque sabia que não se tinha passado nada.

Nem gastei o meu latim a tentar falar com quem quer que fosse.

A minha vida pessoal só a mim me diz respeito.

Voltamos para Dolisie depois do almoço. No caminho ainda compramos uns limões e umas bananas para levar para a base de vida. Continuei sem ver os Gorilas.





1 comentário:

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